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Chiquinha Gonzaga: Independente em tempos de extremo preconceito! Mulheres Pioneiras
“Pois, senhor meu marido, eu não entendo a vida sem harmonia”.
(Chiquinha Gonzaga)
Eu amo as músicas e a história de Chiquinha Gonzaga: maestrina, pianista e compositora de famosas marchinhas de carnaval.
Uma pessoa que não se deteve diante das normas e regras sociais de sua época, envolveu-se bravamente com suas escolhas, consideradas – até então – muito diferentes, superou diversos desafios, realizou muitas conquistas e introduziu na Terra novas atitudes, novas visões e novos valores em relação ao papel da mulher por aqui.
E a minha escolha em escrever sobre ela é uma homenagem à sua Estadia entre nós!
A série “Mulheres Pioneiras“, honra o Sagrado Feminino na Terra!
Como era sociedade na época de Chiquinha Gonzaga?
Chiquinha nasceu em uma família de classe média do Rio de Janeiro, no ano de 1847, e desde pequena recebeu uma educação privilegiada, tendo a oportunidade de aprender piano e se envolver com a música desde cedo.
A música tornou-se a grande paixão de Chiquinha. Ela cresceu ouvindo polcas, maxixes, valsas e modinhas, alegremente participando de festas de família. No ano de 1858, com apenas 11 anos de idade, ela compôs a sua primeira canção.
Na sociedade patriarcal do Brasil, os homens tinham direito a tudo, enquanto muitas das mulheres eram obrigadas a ficar em casa, levando uma vida doméstica, na companhia dos escravos. Poucas mulheres se atreviam a desafiar os seus pais e maridos. Quando o faziam, eram enviadas para casas de correção ou para a reclusão dos conventos.
Quando a família real Portuguesa veio para o Brasil, em 1808, as mulheres começaram a circular um pouco mais na sociedade. Elas começaram a frequentar bailes, teatros e óperas.
Mas as mudanças sociais não foram suficientes para modificar o sistema patriarcal.
E assim, a jovem Francisca Gonzaga não podia deixar de obedecer às ordens do pai e, em 1863, com 16 anos, ela se casou com Jacinto Ribeiro do Amaral, um jovem de 24 anos, de uma família rica e de respeito na sociedade, como seria o esperado.
Mas esse casamento durou até quando surgiu o dilema: casamento ou música!
Chiquinha Gonzaga resolve abandonar o marido, num rompante de independência e busca por seus ideais e sonhos.
Música foi a sua escolha! Tornar-se compositora era seu sonho.
Chiquinha pagou um preço alto por escolher diferente: a música.
Sem marido e declarada morta por sua família, impedida de ver seus filhos (exceto seu primogênito, João Gualberto), Chiquinha lutou pelo que acreditava.
Buscando uma nova vida e a oportunidade de realizar o sonho de se tornar uma compositora, ela entrou em contato com o mundo boêmio do Rio de Janeiro.
Conheceu músicos famosos da época que lhe ofereceram oportunidades e Chiquinha entrou no mundo da música.
Enfrentou todo tipo de preconceito, foi isolada do convívio social e retirou-se por um tempo em Minas Gerais, onde se casou, pela segunda vez, com João Batista de Carvalho Júnior, com quem teve uma filha, em 1875.
Nesse mesmo ano, Chiquinha retorna para o Rio de Janeiro, onde o mundo da música lhe aguardava.
E enfrentado sérias brigas conjugais – mais uma vez por causa da sua opção pela música – Chiquinha decide abandonar seu segundo marido.
Vivendo só, recebeu ajuda de seu antigo amigo e músico famoso da época, Joaquim Antônio da Silva Callado, que lhe ajudou a encontrar os seus primeiros alunos de piano, garantindo o seu sustento financeiro.
Joaquim Antônio da Silva Callado também convidou Chiquinha e seu filho, João Gualberto, para participar de sua banda, “O Choro do Callado“.
Reconhecimento da Sociedade
Em 1877, Chiquinha compôs a polca “Atraente“, que foi publicada logo antes do Carnaval e se tornou um sucesso. Naquela época, ela tinha lançado composições em vários gêneros como valsa, polca e tango. Suas músicas eram ouvidas em bailes, nos teatros e nas ruas.
Sua fama de mulher livre, combinada com o seu destaque musical, conquistou a todos e deu à música com uma aura de feminilidade, romantismo, sensualidade e paixão.
Suas músicas transmitem alegria e entusiasmo, tal qual era Chiquinha em sua vida pessoal: nunca desanimando frente aos imensos desafios, sempre sorrindo e demonstrando alegria de viver.
Ô Abre Alas Que Eu Quero Passar …
Por volta de 1899, Chiquinha mudou-se para o distrito de Andaraí, onde os desfiles de Carnaval eram muito populares, reunindo moradores locais e de toda a cidade.
Um dia, quando estava em casa ouvindo os ensaios do cordão “Rosa de Ouro”, ela se sentou ao piano e compôs uma marcha em homenagem ao grupo. Assim nasceu a primeira música de Carnaval.
Até então, nenhum compositor havia criado uma canção para um cordão de Carnaval. O que existia eram refrões populares, sem uma melodia elaborada.
A marcha “Ô Abre Alas” tornou-se seu maior sucesso, um hino dos carnavais brasileiros!
Chiquinha lança debates sobre os Direitos Autorais
Tendo conquistado a esfera musical, Chiquinha começou uma cruzada pelos direitos do autor. Em 1913, ela lançou uma campanha para que a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT) fosse reconhecida, depois de ter visto em uma loja de Berlim, várias de suas composições gravadas e publicadas sem a sua permissão.
Ela exigiu então, receber explicações da editora, iniciando as primeiras discussões sobre direitos autorais no Brasil.
Em 1916, o Congresso Nacional aprovou o Código Civil brasileiro, a Lei nº 3.071 que trata da propriedade literária e artística. Este era o momento para Chiquinha Gonzaga colocar uma velha ideia em prática: criar um organismo para representar autores brasileiros.
Em 27 setembro de 1917, a SBAT estabeleceu-se como a instituição que protege autores teatrais e Chiquinha Gonzaga é lembrada, desde então, como um símbolo desta luta.
Uma Visão Muito Além de seu Tempo …
Chiquinha Gonzaga viveu até os 88 anos, sempre ativa e participativa nas lutas sociais. Agradava-lhe reunir-se a grupos que cultivavam novos ideais e valores, adorava as novas ideias e novas maneiras de pensar.
Foi uma mulher independente em momentos de extremo preconceito.
Uma das primeiras mulheres a sustentar-se com seu trabalho, a primeira maestrina brasileira, a primeira compositora do gênero marcha carnavalesca.
Chiquinha criou uma profissão, até então, inédita para a mulher, participou de movimentos pela abolição dos escravos, acreditava na igualdade dos sexos e esteve presente nas campanhas republicanas.
Representava os dois lados da sociedade: “a dama da corte e a filha da plebeia“, segundo reportagens da época.
Com sua atitude desprendida e sua busca por seus ideais, uma mulher sem medo de expor suas vontades e sentimentos, desafiou os padrões da época e foi fiel a sua grande paixão: a música!
Chiquinha teve uma história de conquistas, rompendo valores e preconceitos, sendo reconhecida, mesmo que tardiamente, como a maior figura feminina da música popular brasileira.
Graças a ela, as mulheres do seu tempo viram que era possível seguir seus sonhos pessoais e libertarem-se do fardo de suas famílias patriarcais e dos limites das regras sociais.
À partir de Chiquinha Gonzaga, tornou-se cada vez mais comum ver mulheres desacompanhadas em eventos e encontros culturais ou artísticos, debatendo política e economia, inseridas em movimentos, partidos e causas.
A evolução da Humanidade e a Transição Planetária se faz através da ousadia e da coragem em ser diferente.
Estes, são os incríveis personagens da nossa história! Pense nisso!
Gratidão, Chiquinha Gonzaga!
Foi ótimo ter tido você entre nós!
Tania Resende
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